quarta-feira, 28 de março de 2012

A EQM Parece Ser Só Coisa da Sua Cabeça


Desde 1975, data da primeira publicação do livro Life after Life, de autoria do médico estadunidense Raymond Moody, o mundo assistiu a uma explosão de relatos do que ficou conhecido pela sigla de "EQM" (Experiência de Quase Morte). Os estágios desse estranho fenômeno são bastante conhecidos e já foram até retratados em telenovela da Rede Globo de Televisão. Primeiro, há a sensação de sair do próprio corpo. Depois, o fantasminha entra em um túnel. Por fim, o encontro com um "ser de luz" e com parentes falecidos em um local bastante aprazível. As pessoas que já passaram por essa estranha experiência afirmam que, a partir da mesma, obtiveram a tão desejada prova de que a vida continua mesmo após a falência orgânica.

Será mesmo? Será que experiências pessoais podem provar que algo é real? O próprio autor do best-seller que lançou a modinha da EQM lança sementes de dúvida sobre a credulidade de muitos. Em um trecho de seu livro, o doutor Raymond Moody afirma:

"Talvez, de certo modo, as experiências de quase morte sejam só sonhos que realizam desejos, fantasias ou alucinações que são postos em ação por diferentes fatores - em um caso, drogas, em outro, anorexia cerebral, em um terceiro, isolamento, e assim por diante. Assim, as experiências de quase morte poderiam ser explicadas como ilusões." (Raymond Moody, Vida Depois da Vida, Editorial Nórdica Ltda., Rio de Janeiro, RJ, 1979, pág. 163)

Moody diz não querer provar que existe vida depois da morte, mas também não assume postura de negação. O trecho acima citado é uma POSSIBILIDADE de explicação de tal fenômeno. Assim, o autor assume postura neutra diante do assunto. Postura correta. Porém, em 2010, um estudo realizado por cientistas parece dar uma pista do porquê desse estranho fenômeno conhecido por EQM. Sete pacientes terminais foram monitorados por um grupo de médicos enquanto morriam. Os moribundos tinham de 34 a 74 anos e passaram pelo processo de eutanásia sob anuência dos familiares.

Os médicos observaram que a atividade cerebral dos pacientes ia ficando cada vez menor. Mas, nos últimos instantes, bem pouco antes da decretação da morte cerebral, a região do córtex cerebral (reponsável pela consciência) entrava em processo acelerado de atividade. Durante esse "sprint", o córtex se manteve em atividade frenética em um período que se estendia de 30 segundos a três minutos, num ritmo muito mais intenso do que em qualquer outra etapa anterior. Depois apagava. Mas o que levava o cérebro a essa atividade tão intensa um pouco antes de ocorrer a morte?

O que levava o cérebro a essa atividade tão intensa um pouco antes de ocorrer a morte era a oxigenação deficitária dos neurônios. Quando os neurônios sofrem por falta de oxigênio, eles perdem a capacidade de reter energia e disparam de forma sequencial, num processo que pode permitir o advento de alucinações. Essas alucinações provocadas pela falta de oxigênio nos neurônios poderiam explicar as chamadas EQMs. O estudo foi realizado por uma equipe de quatro médicos da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, em 2010.

Além da possibilidade dos relatos de EQM não passarem de simples produto de alucinações, há outro entrave: esses relatos são de QUASE morte e não de morte. Os pacientes que relatam as EQMs passaram por morte clínica, e não por morte cerebral. Até hoje ninguém morreu e retornou para relatar com precisão o que acontece. Pelo menos por enquanto, a questão da sobrevivência da consciência após a falência dos órgãos continua sendo uma questão de fé.


Nenhum comentário:

Postar um comentário