sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Refutando Adauto Lourenço

ADAUTO LOURENÇO "EXPLICA" O BIG BANG

A experiência nos mostra que sempre que um religioso se mete a falar sobre ciência misturando conceitos científicos com fé, o resultado, invariavelmente, é desastroso. Isso acontece, por exemplo, com o criacionista Adauto Lourenço, que, neste vídeo, fala sobre o big bang. Primeiro, Adauto diz que o big bang "não é um fato, ainda é uma teoria". Portanto, é melhor que comecemos com a explicação sobre o que significa esse termo. Teoria é o grau máximo de confirmação de uma hipótese. Se a intenção de Adauto fosse desmerecer o big bang, deveria tê-lo chamado de "hipótese" (e seria mentira, pois o big bang não é uma hipótese, mas uma teoria). O que confirmaria essa hipótese? Simples: evidências. No caso do big bang, elas são a expansão cada vez mais acelerada do universo e algo chamado "red shift" (LINK). Aqui, Adauto recai no lugar-comum dos criacionistas de desmerecer o termo "teoria". Uma postura bastante estranha vindo de um cientista.

Em seguida, Adauto diz: "Imagina que tenha havido uma grande explosão alguns bilhões de anos atrás." Fica difícil acreditar que uma sentença como essa tenha saído da boca de um cientista, mas é justamente isso o que o doutor Adauto diz no vídeo. Ele recai no erro comum dos leigos em afirmar que o big bang teria sido uma explosão. Na verdade, a teoria demonstra que há 13,73 bilhões de anos houve uma determinada singularidade que deu início à expansão do universo. Adauto continua com o show de simplificações e desinformação: "Tudo o que existe no universo, inclusive eu e você, somos resultados desse big bang". Seria a mesma coisa que dizer que o povo brasileiro é resultado da chegada de Pedro Álvares Cabral ao país, ignorando todos os complexos processos históricos de formação da nação, passando por colônia e chegando à condição de República, recebendo influências de diversos países do mundo etc.

Adauto faz uma esdrúxula comparação entre a cosmologia e uma coisa que ele chama de "cosmologia criacionista". Para perceber que tudo o que ele diz sobre isso não faz o menor sentido, basta uma rápida pesquisa e descobriremos que o universo era muito mais quente no passado do que hoje em dia e que necessitou REALMENTE de bilhões de anos para chegar à temperatura média atual e não de alguns milhares de anos, como afirma o criacionista (LINK). Em seguida, Adauto continua insistindo com a mentira de que os cientistas encaram o big bang como tendo sido uma explosão, numa tentativa de enganar a plateia que vê a sua palestra, uma pura falácia do espantalho. Se Adauto tem um conhecimento teórico aprofundado sobre o big bang (coisa que é de se esperar de alguém que queira falar sobre o tema), ele está mentindo ao afirmar que foi uma explosão. Se ele não possui conhecimento aprofundado do tema, então ele está se comportando como leigo, coisa estranha para um doutor com formação em física.

Para encerrar, o professor Adauto recai na velha falácia dos criacionistas que consiste em distorcer a Segunda Lei da Termodinâmica para tentar dar um verniz científico aos delírios religiosos pseudocientíficos. Eis o que verdadeiramente afirma a Segunda Lei da Termodinâmica: (LINK). Adauto simplifica novamente um conceito científico que requer um razoável rigor acadêmico tanto para ser explicado quanto para ser apreendido. Depois, é curioso perceber que Adauto não se coaduna nem mesmo com os seus colegas criacionistas. O Answer in Genesis, maior site criacionista da internet, ceta vez já recomendou que os proselitistas não recaiam no erro de citar a Segunda Lei da Termodinâmica para tentar validar suas lendas religiosas de "criação". Em NENHUMA parte da Segunda Lei da Termodinâmica observamos que "as coisas" (um termo bastante genérico) caminham do "organizado" para o "desorganizado". Mais uma falácia que nem os próprios criacionistas aguentam mais.

No final do vídeo, ele tece algumas considerações sobre a explosão de uma estrela denominada pelos cientistas de "Super Nova 1987 A" e diz que tal corpo astronômico já havia explodido alguns séculos atrás. Sim, exatamente 1680 séculos atrás. Os dados científicos não ajudam nem um pouco o doutor Lourenço em sua tentativa desesperada de tentar "provar" que o universo tem apenas alguns poucos milhares de anos. Uma palestra como esta, do professor Adauto, é muito educativa. Sim, é muito educativa no sentido em que nos ajuda a perceber a diferença entre um cientista e um pseudocientista. Criacionismo sempre foi pseudociência. Outra coisa que esse vídeo nos ensina é que não basta ter um diploma acadêmico para ser considerado cientista. De que adianta estar dentro do meio científico e lutar contra a ciência? Na internet, a postura adotada por Lourenço neste vídeo recebe um nome: TROLLAGEM. Uma postura nada adequada para alguém que ostenta o título de doutor.

Ateus ficam em 3º lugar no ranking das religiões em Mato Grosso

Mato Grosso possui 234 mil pessoas que se consideram sem religião, ateias e agnósticas. Se comparado, o número se aproxima da quantidade de habitantes do município de Várzea Grande, que atualmente possui 252 mil residentes. A estatística ainda corresponde a 8% da população geral do Estado e à 3ª no ranking da religiosidade em Mato Grosso. Os dados fazem parte do Censo 2010 e foram divulgados no dia 29 de junho de 2012 (há pouco mais de dois meses) pelo Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ausência de religião no Estado só perde, numericamente, para o catolicismo, que possui cerca de 1,9 milhão de fiéis e para os evangélicos, que já somam 745,1 mil pessoas no âmbito estadual. Há ainda os espíritas (38 mil), seguidores dos conceitos afrobrasileiros (1,7 mil), pessoas que seguem os ensimentos orientais (5,4 mil) e também os indigenistas (5,1 mil).

Exemplo da população de Mato Grosso classificada como sem religião é o empresário André Alves, 26 anos, que se considera ateu. De família católica, o jovem ressalta que não acredita que haja possibilidade de existir um deus. Ele conta que os conceitos surgiram ainda na adolescência, após ingressar no mercado de trabalho e se interessar por leituras na área de sociologia e filosofia: "A partir do momento em que me desvinculei financeiramente dos meus pais, senti que também teria o direito de me expressar". Ele cita ainda a influência do irmão mais velho que na época era estudante de História. Entre as leituras, o empresário, que atua no ramo de design gráfico, destacava Karl Marx, Max Weber, Auguste Comte, entre outros.

André Alves conta que antes de optar pelo ateísmo frequentou a igreja católica junto com os pais. "Fui batizado, fiz a primeira comunhão e cheguei até mesmo a me crismar, conforme determina os conceitos do catolicismo. Mas após essa sequência religiosa, deixei de frequentar a igreja e a religião católica, devido ao que acreditava". Mesmo não seguindo conceitos de religiões, o jovem reforça o respeito que tem pela opção e opinião de cada indivíduo.

O professor-doutor Adilson José Francisco, que realiza pesquisas no âmbito da religiosidade e mídia, explica que mesmo o número de pessoas sem religião sendo expressivo no Estado, este tem apresentado queda nos últimos anos. Em prévia divulgada em 2009 pelo IBGE sobre o próprio Censo 2010, os gráficos já apontavam o declínio daqueles que antes não possuiam religião, eram ateus ou ainda agnósticos. "A tendência é que o número diminua com o passar dos anos, devido a concorrência existente nas religiões". O estudioso, que também é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), destaca o número de igrejas que são criadas frequentemente como um dos fatores relacionados à diminuição dos dados.

"A evasão dos fiéis que antes eram católicos têm sido frequente e o aumento do número de instituições pentecostais e neo-pentecostais também é representativo. Dessa forma, pode-se classificar esses fenômenos como fatores primordiais para a redução daqueles denominados sem religião", destaca o professor. Segundo ele, as igrejas evangélicas estão buscando junto à população agnóstica, atéia e sem religião seus novos seguidores. O 'alvo' dos líderes tem sido mulheres, jovens e empresários.

Outro fator apontado pelo pesquisador foi em relação às pessoas que pertencem a mais de uma religião. Ele cita que em pesquisas realizadas com a população de Mato Grosso chegou a encontrar indivíduos que em apenas uma semana frequentavam cultos, missas, centros, terreiros, entre outros.

FONTE: Jornal A Gazeta, página 1B, Cuiabá, 30 de junho de 2012

Meu comentário: A notícia é um pouco "antiga", mas é interessante ressaltar alguns pontos da mesma: ateísmo não é "opção". Pelo teor do texto, não há como saber quantas dessas 234 mil pessoas que se declaram sem religião são pseudoateias ou pseudoagnósticas. Essas são presas fáceis da religiões e de proselitistas. O que eu chamo de "falsos ateus" e "falsos agnósticos" são pessoas que não possuem base teórica consistente para sustentar o seu posicionamento diante da vida. Muitos se consideram "ateus" ou "agnósticos" porque tiveram algum tipo de decepção com a igreja que frequentavam. Esse é um motivo ridículo para aderir a um modo de vida em que não se considere relevante a ideia da existência de seres invisíveis (divindades ou não). Por isso, mesmo que se declarem ateias ou agnósticas, tais pessoas nem deveriam ser consideradas como tal. Portanto, o pesquisador pode até estar certo, se existirem muitos pseudoateus e pseudoagnósticos nesse contingente de 234 mil pessoas apontadas pelo Censo.

O Ateísmo do Dr. House


House é uma das séries mais populares da TV. Um dos principais motivos do sucesso dessa empreitada televisiva reside, sem dúvida alguma, na personalidade do protagonista. House (interpretado por Hugh Laurie) tem sempre uma tirada espirituosa ou sarcástica na ponta da lingua. Um dos traços fortes de sua personalidade reside em sua ausência de crença em divindades. Uma de suas frases é a seguinte: "Fé é uma outra palavra para 'ignorância', não é mesmo?". Aqui, muito provavelmente, ele deve estar fazendo uma alusão ao "deus das lacunas" inventado pelos crentes para tentar explicar tudo o que a comunidade científica ainda não conseguiu desvendar.

Outra frase é: "Fé não é baseada na lógica e na experiência". É justamente isso o que torna o criacionismo uma pseudociência, já que as alegações dos pseudocientistas não podem passar pelo crivo do método científico. E já que não conseguem comprovar as suas hipóteses pelo método, os criacionistas não se diferem nem um pouco dos simplórios crentes que esquentam os bancos das igrejas. Nada na ciência é baseado em fé. O pesado investimento no Colisor de Hádrons mostra que as teorizações precisam passar pelo crivo da experiência.

Uma outra brilhante frase do Doutor House é a seguinte: "Religião é um sintoma da crença irracional e esperança infundada". Talvez isso seja duvidoso em relação aos que defendem que o "livro sagrado" de sua religião não seja literal (embora até estes abusem de falácias para defenderem a "não literalidade" dos "textos sagrados"), mas, sem dúvida, se encaixa perfeitamente em relação aos fundamentalistas. Peguemos o exemplo do cristianismo. Há algo de racional na lenda de Adão e Eva? Ou na lenda do "dia parado" de Josué? Ou no dogma de sacrifícios de sangue para pagar pecados? Os fundamentalistas defendem que tudo isso é literal, e essas são crenças absolutamente irracionais. O que House classifica como "esperança infundada" seja, talvez, dogmas como a da "volta do Messias".

O seriado Doctor House teve oito temporadas. Abaixo, alguns links para baixar os episódios das quatro primeiras temporadas. Os episódios estão em RMVB dublado. Alguns links podem estar quebrados, mas o seriado não é difícil de encontrar. Se algum link estiver inativo, uma boa alternativa é baixá-los através de programas peer-to-peer, como o Emule ou o Bit Torrent. Os links dos episódios da primeira e da segunda temporada são um pouco temperamentais. A dica é insistir, ficar clicando várias vezes no ícone de download até que apareça a caixa de diálogo para baixar o arquivo. O Share X é um péssimo servidor, requer paciência, mas, uma vez que você consegue baixar, a velocidade é tão boa quanto a do Mediafire. Os créditos dos links da 1ª e da 2ª temporadas são do hiper-flash.net.

DOCTOR HOUSE PRIMEIRA TEMPORADA:
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DOCTOR HOUSE SEGUNDA TEMPORADA:
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Doctor House Terceira Temporada

Links do site do Nataniel Souza:

http://natanielsouza.blogspot.com.br/2009/11/e-verdade-aclamada-serie-dr-house-em.html

A FARSA DE PILTDOWN




Piltdown foi um sítio arqueológico localizado na Inglaterra onde, em 1908 e em 1912 foram encontrados fósseis símios, humanos e de outros mamíferos, todos juntos. Em 1913, em um sítio próximo foi encontrado uma mandíbula de macaco com um dente canino que foi considerado como sendo de um humano. A comunidade de paleoantropologistas da Grã Bretanha aceitou a ideia de que o fóssil pertencia a uma única criatura que tinha o crânio de um humano e a mandíbula de macaco. Em 1953, o então chamado "Homem de Piltdown" foi exposto como sendo uma farsa. Tratava-se de um crânio moderno e o dente da mandíbula havia sido implantado.

Para todos aqueles que são céticos em relação à ciência, tal como Charles Fort e os Forteanos, tais episódios como o de Piltdown são tidos como provas de que a ciência é, mais ou menos, uma farsa. Para todos aqueles que possuem um entendimento um pouco melhor acerca da natureza dos limites da ciência, o episódio do "Homem de Piltdown" nada mais é do que uma pequena tomada errada de caminho dentro de uma série de estradas que, apesar dos inúmeros desvios, eventualmente acaba nos conduzindo em direção ao destino certo.

Como tantos cientistas foram enganados? Stephen Jay Gould oferece várias razões para isso, entre elas, wishful thinking e preconceito cultural. A última, sem dúvida, imperou na falta de senso crítico entre os paleoantropologistas britânicos. Mas, acima de tudo, a farsa de Piltdown demonstra a falibilidade do conhecimento científico. Isso demonstra, também, o modo como teorias e fatos se relacionam na ciência. As teorias são os filtros através dos quais os fatos são interpretados (Popper). Teorias tentam explicar e fazer com que os fatos façam sentido. Por outro lado, fatos são usados para testar teorias. Gould nota que hoje um crânio humano com uma mandíbula de macaco pode ser considerado extremamente implausível e improvável. Mas no começo do século passado os antropólogos estavam impregnados de preconceito cultural, o qual considerava o grande cérebro humano como um bilhete para o poder, a principal característica evolutiva que tornou possível ao homem desenvolver todas as suas outras características peculiares. Desde então houve uma noção preconcebida de que o cérebro humano deve ter se desenvolvido em direção ao seu tamanho médio atual antes que outras mudanças tenham ocorrido na estrutura humana. Um crânio humano com uma mandíbula de macaco não teria despertado tanta suspeita da mesma forma como desperta hoje em dia. As descobertas de fósseis, desde Piltdown, mostram claramente uma progressão de hominídeos não-símios de cérebro pequeno e eretos até humanos eretos de cérebro grande. De acordo com Gould, os cientistas "modelaram os fatos" e confirmaram a sua teoria, "outro exemplo de que a informação sempre nos alcança através de fortes filtros de cultura, esperança e expectativa" (Gould 1982, p. 118). Uma vez formulada a teoria, nós vemos o que cabe na mesma.

O principal motivo pelo qual o "Homem de Piltdown" não foi desmascarado como uma fraude mais cedo foi que os cientistas não tiveram permissão para acessar as evidências, as quais foram mantidas seguramente confinadas no Museu Britânico. Para focar a atenção examinando os "fatos" de maneira mais minuciosa, com todos os cuidados para descobrir a fraude, os cientistas não tiveram sequer a permissão para examinar as evidências físicas! Eles tiveram que examinar moldes de gesso e ficar satisfeitos em contemplar rapidamente os originais para justificar a reivindicação de que os moldes eram fidedignos.

Outra razão pela qual alguns cientistas foram levados ao engano foi porque provavelmente não estava em sua natureza considerar que alguém pudesse ser tão malicioso ao ponto de se empenhar em tamanha trambicagem. De qualquer forma, um dos principais desdobramentos de Piltdown foi basicamente uma indústria de detetives tentando identificar quem espalhou o boato. A lista de suspeitos inclui:

Charles Dawson, um arqueólogo amador que encontrou os primeiros fragmentos de crânio em Piltdown;

Tielhard de Chardin, teólogo e cientista que acompanhou Dawson e Arthur Smith Woodward (Responsável pela Geologia no Museu Britânico [História Ntaural] em 1912) até Piltodown em expedições onde eles descobriram a mandíbula;

W. J. Sollas, professor de geologia em Oxford;

Grafton Elliot Smith, que escreveu um artigo sobre a descoberta em 1913;

Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes; e

Martin A. C. Hinton, um curador de zoologia na época da farsa de Piltdown. Um tronco com as iniciais de Hinton gravadas foi encontrado em um porão do Museu de História Natural de Londres. O tronco continha ossos manchados e entalhados do mesmo jeito que os fósseis de Piltdown.

A evidência em cada caso é circunstancial e não é muito forte. O que é mais altamente provável é que haverá muito mais livros especulando acerca da identidade do criador da farsa de Piltdown.

A Moral da Farsa de Piltdown

A moral sobre a Farsa de Piltdown é que o meio científico pode cometer falhas e a atividade humana nem sempre toma a direção certa no sentido de cumprir o seu objetivo de entender o funcionamento da natureza. Quando ocorre uma anomalia tal como a descoberta de um crânio humano com uma mandíbula de macaco, alguém já se apressa em tentar encaixar tal anomalia dentro de uma nova teoria, reexaminar a evidência em busca de erros ou interpretações equivocadas, ou mostrar que a assim chamada anomalia não é necessariamente uma anomalia, mas que, de fato, se encaixa na teoria em voga. Seja qual for o caminho escolhido pelo cientista, o mesmo deverá ser guiado mais por esperanças pessoais e preconceitos culturais do que por alguma objetividade mítica caracterizada pela coleção e acumulação de descoloramento, fatos impessoais para serem classificados dogmaticamente dentro de um Teoria Geral da Verdade Objetiva e do Conhecimento.

Mas antes de classificar cientistas como arrogantes fanfarrões fazendo alegações que posteriormente acabam sendo provadas como sendo falsas, e antes de fazer caricaturas da ciência porque a mesma não é infalível, é bom prestar atenção em alguns esclarecimentos acerca da natureza da ciência. Os fanfarrões são aqueles que depositam certeza absoluta onde não há certeza sobre nada; os fanfarrões são aqueles que não entendem o valor e a beleza das probabilidades na ciência. Os arrogantes são aqueles que pensam que a ciência é uma mera especulação só porque alguns cientistas cometem erros, mesmo que sejam erros egrégios, ou até mesmo cometem fraudes para tentar validar seus preconceitos. Os arrogantes são aqueles que não sabem dizer a diferença entre uma hipótese testável e uma não testável e que pensam que uma especulação é tão boa quanto outra. Os fanfarrões são aqueles que pensam que quando ambos, tanto cientistas quanto criacionistas ou quaisquer outros pseudocientistas expõe teorias, cada um está fazendo essencialmente a mesma coisa. Entretanto, todas as teorias não são empíricas, e entre aquelas que são empíricas, nem todas são igualmente especulativas. Ademais, aqueles criacionistas que pensam que a Farsa de Piltdown demonstra que cientistas não conseguem datar ossos com exatidão deveriam se lembrar que os métodos de datação de tais coisas melhoraram bastante desde 1910.  (LINK)

Por causa da natureza pública da ciência e da aplicação universal de seus métodos e por causa do fato de que a maioria dos cientistas não são cavaleiros defensores de seus próprios preconceitos não testados ou intestáveis, da mesma forma que muitos pseudocientistas, quaisquer que sejam os erros cometidos pelos cientistas, eles serão descobertos por outros cientistas. A descoberta será suficiente para colocar a ciência novamente nos trilhos. O mesmo não pode ser dito para os pseudocientistas como os criacionistas, cujos erros não podem ser detectados porque as suas alegações não podem ser testadas apropriadamente. E quando críticos identificam erros, eles são ignorados por crentes sinceros.

Nota: Um outro livro sobre a Farsa de Piltdown foi publicado desde a descoberta do Tronco de Hinton: Unraveling Piltdown: The Science Fraud of the Century and Its Solution, de John Evangelist Walsh (Random House, 1996). O livro aponta o dedo novamente em direção a Dawson.

LINKS SOBRE O ASSUNTO:

livros e artigos

Anderson, Robert B. "The Case of the Missing Link," Pacific Discovery (1996).
Feder, Kenneth L. "Piltdown, Paradigms, and the Paranormal." Skeptical Inquirer 14.4 (1990) 397-402.

Gee, Henry. "Box of Bones 'Clinches' Identity of Piltdown Paleontology Hoaxer," Nature (23 de Maio de 1996).

Gould, Stephen Jay. "Evolution as Fact and Theory," in Hen's Teeth and Horse's Toes (New York: W.W. Norton & Company, 1983).

Gould, Stephen Jay. "Piltdown Revisited," em The Panda's Thumb, (New York: W.W Norton and Company, 1982).

Johanson, Donald C. and Maitland A. Edey. Lucy, the beginnings of humankind (New York: Simon and Schuster, 1981).

Popper, Karl R. The Logic of Scientific Discovery (New York: Harper Torchbooks, 1959).

websites

O Perpetrador de Piltdown, por John Hathaway Winslow e Alfred Meyer

A Página do Homem de Piltdown, por Richard Harter - O site foca principalmente em quem deveria ter sido o responsável pela criação da fraude de Piltdown.

O Homem de Piltdown - A Brincadeira dos Ossos Falsos, por Richard Harter

Piltdown: O homem que nunca foi, por Lee Krystek

O Sítio de Piltdown

Desmascarando Três Boatos, por James Opie