segunda-feira, 25 de março de 2013

AUMENTO DO NÚMERO DE ATEUS PREOCUPA PROFETAS DO APOCALIPSE






Um dos tipos mais chatos de crente é o "profeta do fim do mundo". Para eles, a ausência de crença em divindades significa um dos sinais do famigerado "fim do mundo". Uma matéria bem esdrúxula sobre esse assunto, intitulada "Sinal dos Tempos: Ateísmo está em ascensão em todo o mundo, revela pesquisa", pode ser encontrada no blog Fim do mundo em 2013. A matéria foi retirada do site Repórter de Cristo e, como não poderia deixar de ser, é mais um show de desinformação e fanatismo.

A matéria já começa com um espantalho vergonhoso, chamando ateísmo de "culto", rebaixando uma visão de mundo que se pretende racional para a condição de irracionalidade das religiões, e prosseguindo mais adiante com a caricatura, afirmando a existência de uma "igreja dos sem fé". Talvez os crentes gostem de fazer com frequência essa caricaturização da ausência de fé comparando-a à condição das pessoas que têm fé justamente porque possivelmente saibam que o conhecimento é superior à fé e que ateus, céticos e agnósticos preferem conhecer ao invés de acreditar. Por isso não são crentes.

O autor da matéria afirma que a sociedade caminha em direção a uma condição em que aposentará o "Pai Eterno". Já de primeira, uma brutal petição de princípio. Como aposentar algo que os crentes sequer conseguem provar que existe? Se já tivessem conseguido provar, não haveria motivos para haver ateísmo. Mais à frente, o autor tem um flash de lucidez e parece se corrigir, classificando a condição dos ateus de "não igreja" (como se fosse algo natural e não cultural a religiosidade). Implicitamente, ele parece querer transparecer que frequentar igrejas é algo intrínseco, quando, na verdade, é algo aprendido, um adestramento.

A pesquisa que apresenta a estatística de crentes e não crentes no mundo faz parte de um relatório chamado The Global Religious Landscape, de 81 páginas, e foi produzido pelo instituto de pesquisas Pew, um dos mais reconhecidos dos Estados Unidos. Os dados, na matéria do Repórter de Cristo, são apresentados com um tom de preocupação. Mas por que isso? Por que essa preocupação imperialista de "perda de rebanho"? Por que esse medo de uma possível crescente racionalização de grande parcela da população mundial? E por que essa notícia em um blog de temática apocalíptica?

A matéria se encerra com o habitual proselitismo, citando versículos bíblicos que falam de "apostasia", "iniquidade" e "perdição". Como se a conquista de uma visão racional de mundo, desprovida de supertições ancestrais, fosse necessariamente derivada de uma suposta apostasia. Talvez essa preocupação pelo crescimento de uma visão de mundo mais racional por parte dos profetas do apocalipse se deva a um certo medo de "perda de função". Sem ovelhinhas para escutar mantras de "Jesus está voltando", para quem os profetas vão endereçar as suas fantasias de fim de mundo?


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