sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ateus ficam em 3º lugar no ranking das religiões em Mato Grosso

Mato Grosso possui 234 mil pessoas que se consideram sem religião, ateias e agnósticas. Se comparado, o número se aproxima da quantidade de habitantes do município de Várzea Grande, que atualmente possui 252 mil residentes. A estatística ainda corresponde a 8% da população geral do Estado e à 3ª no ranking da religiosidade em Mato Grosso. Os dados fazem parte do Censo 2010 e foram divulgados no dia 29 de junho de 2012 (há pouco mais de dois meses) pelo Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ausência de religião no Estado só perde, numericamente, para o catolicismo, que possui cerca de 1,9 milhão de fiéis e para os evangélicos, que já somam 745,1 mil pessoas no âmbito estadual. Há ainda os espíritas (38 mil), seguidores dos conceitos afrobrasileiros (1,7 mil), pessoas que seguem os ensimentos orientais (5,4 mil) e também os indigenistas (5,1 mil).

Exemplo da população de Mato Grosso classificada como sem religião é o empresário André Alves, 26 anos, que se considera ateu. De família católica, o jovem ressalta que não acredita que haja possibilidade de existir um deus. Ele conta que os conceitos surgiram ainda na adolescência, após ingressar no mercado de trabalho e se interessar por leituras na área de sociologia e filosofia: "A partir do momento em que me desvinculei financeiramente dos meus pais, senti que também teria o direito de me expressar". Ele cita ainda a influência do irmão mais velho que na época era estudante de História. Entre as leituras, o empresário, que atua no ramo de design gráfico, destacava Karl Marx, Max Weber, Auguste Comte, entre outros.

André Alves conta que antes de optar pelo ateísmo frequentou a igreja católica junto com os pais. "Fui batizado, fiz a primeira comunhão e cheguei até mesmo a me crismar, conforme determina os conceitos do catolicismo. Mas após essa sequência religiosa, deixei de frequentar a igreja e a religião católica, devido ao que acreditava". Mesmo não seguindo conceitos de religiões, o jovem reforça o respeito que tem pela opção e opinião de cada indivíduo.

O professor-doutor Adilson José Francisco, que realiza pesquisas no âmbito da religiosidade e mídia, explica que mesmo o número de pessoas sem religião sendo expressivo no Estado, este tem apresentado queda nos últimos anos. Em prévia divulgada em 2009 pelo IBGE sobre o próprio Censo 2010, os gráficos já apontavam o declínio daqueles que antes não possuiam religião, eram ateus ou ainda agnósticos. "A tendência é que o número diminua com o passar dos anos, devido a concorrência existente nas religiões". O estudioso, que também é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), destaca o número de igrejas que são criadas frequentemente como um dos fatores relacionados à diminuição dos dados.

"A evasão dos fiéis que antes eram católicos têm sido frequente e o aumento do número de instituições pentecostais e neo-pentecostais também é representativo. Dessa forma, pode-se classificar esses fenômenos como fatores primordiais para a redução daqueles denominados sem religião", destaca o professor. Segundo ele, as igrejas evangélicas estão buscando junto à população agnóstica, atéia e sem religião seus novos seguidores. O 'alvo' dos líderes tem sido mulheres, jovens e empresários.

Outro fator apontado pelo pesquisador foi em relação às pessoas que pertencem a mais de uma religião. Ele cita que em pesquisas realizadas com a população de Mato Grosso chegou a encontrar indivíduos que em apenas uma semana frequentavam cultos, missas, centros, terreiros, entre outros.

FONTE: Jornal A Gazeta, página 1B, Cuiabá, 30 de junho de 2012

Meu comentário: A notícia é um pouco "antiga", mas é interessante ressaltar alguns pontos da mesma: ateísmo não é "opção". Pelo teor do texto, não há como saber quantas dessas 234 mil pessoas que se declaram sem religião são pseudoateias ou pseudoagnósticas. Essas são presas fáceis da religiões e de proselitistas. O que eu chamo de "falsos ateus" e "falsos agnósticos" são pessoas que não possuem base teórica consistente para sustentar o seu posicionamento diante da vida. Muitos se consideram "ateus" ou "agnósticos" porque tiveram algum tipo de decepção com a igreja que frequentavam. Esse é um motivo ridículo para aderir a um modo de vida em que não se considere relevante a ideia da existência de seres invisíveis (divindades ou não). Por isso, mesmo que se declarem ateias ou agnósticas, tais pessoas nem deveriam ser consideradas como tal. Portanto, o pesquisador pode até estar certo, se existirem muitos pseudoateus e pseudoagnósticos nesse contingente de 234 mil pessoas apontadas pelo Censo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário