quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O VERDADEIRO fim do mundo



É muito irritante essas ondas esporádicas de "fins de mundo", quando profetas histéricos do apocalipse costumam berrar aos quatro ventos que "o mundo vai acabar". A mais recente onda de histeria e imbecilidade coletiva aconteceu em 2012, quando conspiracionistas e delirantes em geral usaram uma tal "profecia maia" como pano de fundo para "provar" que o mundo iria acabar nesse ano, através da aproximação de um "segundo sol", que iria "realinhar as órbitas dos planetas". Esse segundo sol se chamaria "Elenin". Outros diziam que não só essa estrela, mas um planeta chamado "Nibiru" também iria se aproximar da Terra, com consequências catastróficas. Como todos sabem, 2012 acabou e a Terra continua estável em sua órbita.

Mas os conspiracionistas e lunáticos em geral não se deram por satisfeitos e trataram de inventar uma nova data para o "fim do mundo". Sim, agora, segundo os "entendidos", o mundo vai acabar em 2019. Se der errado, há uma outra "profecia": o fim do mundo acontecerá em 24 de abril de 2036, quando o meteoro Apophis se chocará contra a Terra. Em primeiro lugar, mesmo que a colisão acontecesse, o mundo não acabaria. O que poderia acontecer seria a extinção em massa de espécies (o mesmo que ocorreu com os dinossauros). Mas o mundo, o planeta, continuaria por aqui. Em segundo lugar, os cientistas já trataram de acalmar as pessoas, afirmando que o risco de colisão é desprezível. Ou seja, não há evidências de um fim de mundo a curto prazo.

Ao contrário dos fanáticos religiosos, dos esotéricos e histéricos em geral, a comunidade científica tem a resposta para quando o mundo vai acabar. A Terra se tornará inabitável dentro de cerca de um bilhão de anos devido ao aumento da luminosidade do sol. E, depois de mais quatro bilhões de anos, a Terra será inexoravelmente destruída. Esse evento passou a ser conhecido como "a morte do sol". As ilustrações abaixo ajudam bastante a compreender de forma bem clara o que o futuro reserva ao nosso querido planeta:


1. Dentro de um bilhão de anos o processo de instabilidade do sol terá início. A estrela ficará cerca de 10% mais luminosa do que hoje em dia e a consequência disso será o derretimento das geleiras. Conforme o planeta for se aquecendo, toda a água da superfície se evaporará e todo vapor de água junto com toda a atmosfera se perderão no espaço.


2. Dentro de três bilhões de anos, conforme o sol for ficando maior e mais quente, a Terra, agora totalmente desabitada, terá quase a mesma aparência que o árido planeta Vênus de hoje em dia.


3. Entre três e quatro bilhões de anos, o processo de transformação do sol em uma gigante vermelha se intensificará. Uma monstruosa usina nuclear vermelha dominará o firmamento da Terra. O céu não será mais azul, mudando a sua coloração para um degradê de vermelho-laranja. As montanhas começarão a derreter. 


4. De quatro bilhões de anos para diante, o sol (agora uma gigante vermelha agonizante) já terá engolido os planetas Mercúrio e Vênus. A diáfana atmosfera do sol lamberá a superfície da Terra. Nesta ilustração, um hipotético observador vislumbra o sol a partir da superfície de Europa. Como agora o sol está vinte vezes maior do que nos dias de hoje, a crosta de gelo do satélite derrete em ritmo constante.


5. Visão do sol de quatro bilhões de anos no futuro visto a partir da superfície de Plutão. O que antes era apenas um pequeno ponto no céu gelado de Plutão agora aparece quatro vezes maior e aquece o antes frio planeta mais distante do sistema solar.


6. Pouco mais de doze bilhões de anos no futuro: o sol já ejetou todas as suas camadas exteriores. Agora, uma trêmula nebulosa infla igual uma bolha de sabão a partir do que sobrou do núcleo do sol, vista aqui a partir de algum ponto do Cinturão de Kuiper.


7. Se a Terra não for destruída (como acontecerá com Mercúrio e com Vênus), se transformará num astro gelado e sem vida. Essa será a visão do sol que um hipotético observador terá a partir da superfície do que outrora foi o planeta Terra. Depois da fase de gigante vermelha, o sol implodirá e será para sempre uma estrela anã branca e terá aproximadamente o mesmo tamanho que a Terra tem hoje.


8. Mas como desgraça pouca é bobagem, temos um bônus, como nos comerciais das facas Ginsu ou da Tek Pix. Como todos sabem, a nossa querida Via Láctea está em rota de colisão com outra galáxia, a de Andrômeda. Conforme uma for passando por dentro da outra, os braços espiralados da Via Láctea se estenderão e, com isso, o sol e todos os planetas do Sistema Solar serão ejetados para o espaço exterior. A visão do choque das duas galáxias seria ao mesmo tempo bela e terrível.


9. Depois do choque das galáxias, não haveria mais propriamente um sistema solar, mas uma anã branca solta pelo espaço e carcaças de planetas que antes orbitavam essa estrela morta. Depois disso, em tempo muito longínquo no futuro, haveria o Big Rip. A morte do universo. 

Costumo dizer que a realidade é muito mais assustadora do que qualquer filme de terror. Mesmo assim, há esperanças. Não aquelas esperanças infundadas oferecidas por doutrinas religiosas, mas esperanças palpáveis. Antes da morte do sol é bem possível que a humanidade (se não for extinta) desenvolva tecnologias avançadíssimas que possibilitem a migração para outros planetas habitáveis. Para escapar do Big Rip, a solução ainda resvala na ficção científica, pois seria necessário a migração para um hipotético universo paralelo. Enfim, mesmo que TUDO acabe, ainda há uma pequena fração de esperança para a vida. Quem disse que só as religiões podem oferecer esperança?

As ilustrações são de autoria do artista Ron Miller. A página dele é esta:


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