quarta-feira, 28 de março de 2012

Havia Dois Grampos no Meio do Caminho de Demóstenes Torres



Nas últimas semanas pipocaram na imprensa denúncias contra o senador Demóstenes Torres sobre um possível envolvimento dele com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. No link abaixo, pode-se conferir o teor de algumas denúncias:

http://g1.globo.com/videos/goias/bom-dia-go/t/edicoes/v/suposta-relacao-de-demostenes-torres-com-carlos-cachoeira-podera-ser-investigada-pelo-stf/1877480/

As denúncias não podem servir de veredito final para afirmarmos que Demóstenes tenha vínculos profundos com a contravenção. Por enquanto, ele é apenas um suspeito. Todas essas denúncias não podem ser consideradas, em hipótese alguma, como prova. Mas é bom lembrarmos que o referido senador protagonizou um outro caso igualmente controverso. Em 2008, ainda sob o baque da Operação Satiagraha, aquela famosa operação da Polícia Federal que fez um teatrinho para prender o suspeitíssimo banqueiro Daniel Dantas e mais uma turminha de "gente da melhor qualidade", foi publicada na revista Veja a informação de que o ministro do STF Gilmar Mendes e Demóstenes Torres haviam sido grampeados pela ABIN.

Mendes concedeu dois hábeas corpus para Dantas e a suspeita da existência dos grampos foi ficando cada vez mais forte. Nessa mesma época, Mendes foi até o Palácio do Planalto para "conversar" com o então presidente Lula. Até hoje não se sabe o teor dessas "conversas" e tampouco o conteúdo dos grampos veio a público. E, por falar nisso, trata-se de um grampo bastante raro na história da espionagem brasileira, pois se trata de um grampo a favor. Conta-se que nesse grampo Mendes e Demóstenes se sobressaíam como "mocinhos da história". Nada constava que desabonasse ambos. Em 2010, a PF afirmou oficialmente que não havia encontrado quaisquer indícios de grampo nesse caso, e muito menos de que teriam sido feitos pela ABIN. Ou seja, a Veja teria dado um tiro no escuro sem acertar o alvo.

Mas o agora mitológico grampo parece ter cumprido a sua missão. Foi aí que a Operação Satiagraha começou a ser sepultada. Com a denúncia do grampo foi encerrada a carreira de Paulo Lacerda, então chefe da ABIN. A quem interessava que Paulo Lacerda saísse de cena? Logo ele, um eficientíssimo delegado que, desde a prisão de PC Farias, havia enjaulado diversos bandidos de colarinho branco. Todos sabem o final da história: Lacerda foi para Portugal, no que muitos poderiam interpretar como uma alegórica emulação de degredo, e Demóstenes Torres continuou por aqui, como um bom paladino das virtudes.
Nessa época, Demóstenes experimentou o Olimpo. Agora, dois anos depois, está amargando o Tártaro.

Mas a surpresa é que ele não está sozinho nessa parada. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo (http://www.ibgf.org.br/index.php?data%5Bid_secao%5D=2&data%5Bid_materia%5D=2726), uma enteada do ministro Gilmar Mendes é assessora parlamentar do gabinete do senador Demóstenes Torres. Na qualidade de senador, Demóstenes só pode ser julgado pelo STF, instituição da qual Gilmar Mendes é ministro, como todos sabem. É claro que, enquanto não houver provas, o senador não pode ser considerado culpado de coisa alguma. Mas não deixa de ser curioso que a situação política de Demóstenes tenha se complicado tanto justamente devido a uma prática de espionagem que, dois anos antes, ajudou a exaltá-lo.

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