segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Resposta dos Políticos às Manifestações




O risco que corremos agora é o de que a resposta dos políticos às manifestações não seja uma resposta, seja um troco. Isso mesmo, Os políticos podem querer dar o troco. E dar o troco significa o seguinte: tomar medidas e adotar alternativas de mudança que vão se transformar numa reforma CONTRA a mudança, uma reforma que vai dificultar ações como essas que ocorreram, que vai dificultar a representação. Agora, sobre plebiscito e referendo, o ideal é que tivesse as duas coisas. O plebiscito é para perguntar antes o que o Congresso DEVE fazer e o referendo vem depois para perguntar se o Congresso FEZ aquilo que o plebiscito diz que o Congresso DEVERIA fazer. Por quê? Porque um plebiscito não deve se debruçar sobre detalhes.

A pergunta de um plebiscito, neste caso as perguntas, deve ser muito técnica. As perguntas devem ser muito técnicas. Então, os eleitores fazem uma escolha num plebiscito. O Congresso, como representante (vamos dar um voto de confiança nele), vai se sentar e, bem desconfiado, vai fazer um corte. Muito desconfiados, eles fazem uma mudança lá à luz do que o plebiscito decidiu e aí eles voltam com o referendo para que o eleitor diga se a mudança que eles fizeram tinha a ver com o que o plebiscito decidiu antes. Esse jogo de ida e volta é perfeitamente viável hoje. O referendo protege as reivindicações dos manifestantes e faz com que os eleitores se aproximem REALMENTE da ideia do que é um representante.

O problema do plebiscito nem é o plebiscito em si. O país que mais realiza plebiscitos é a Suíça, que é um belo exemplo de país de primeiro mundo. Aliás, Suíça e Estados Unidos são dois exemplos de países bem diferentes, mas que têm uma forte tendência à descentralização. A América Latina é supercentralizada. Alguém participa de uma manifestação e exibe um cartaz com a seguinte inscrição: "DILMA, ME TIRE DAQUI!". Esses países da América Latina fortemente centralizados possuem uma tendência igualmente forte de produzir fenômenos políticos como o caudilhismo, por exemplo. Já em um país descentralizado, como a Suíça, o plebiscito é uma forma autêntica de manifestação do desejo popular.

Essa discussão levanta outra questão: o quão repleto de mediações é o corpo político de uma sociedade. Quanto mais mediações tem, mais o plebiscito aterrissa na forma de debates laterais para depois afunilar. Em países de pouca mediação institucional, o que acontece é que o plebiscito se tornará uma ponte direta entre as autoridades e a massa. Nós temos que transformar a discussão sobre o plebiscito no Brasil em algo que se aproxime à discussão sobre uma telenovela de grande audiência. No Brasil, uma telenovela só é considerada um grande sucesso quando as pessoas começam a discutir sobre ela no trem, no trabalho, na escola etc. É a formação partilhada da preferência. Quanto mais partilhada for a formação, mais as pessoas conversam lateralmente, mais massa crítica tem. Quanto mais elas decidem sozinhas, olhando para cima, menos partilhado é.

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