segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Trabalho da Imprensa Durante os Protestos




O trabalho da imprensa durante os protestos também foi muito difícil. Caco Barcellos, da Globo, foi muito hostilizado por manifestantes mais exaltados. Carros da Record, do SBT e da Bandeirantes foram incendiados. Isso, sem falar de repórteres que foram atingidos por projéteis de borracha disparados pela polícia. Nessa questão dos maus tratos à imprensa também é importante não misturar as coisas. Em primeiro lugar, a situação da Rede Globo é bem pior do que de todas as outras. A Rede Globo teve que inventar o jornalismo de edifício, porque já não conseguia caminhar nas ruas, no meio de outras pessoas. Essa hostilização da Globo por meio de outras pessoas acontecia por causa do papel que a TV Globo exercia no passado, de manutenção de uma ordem autoritária estabelecida.

Até hoje as pessoas não se esqueceram do papel de pelego que a Globo exercia durante a ditadura militar e, por isso, a emissora ainda paga o preço. Por outro lado, a Globo passou toda a sua cobertura tentando dirigir o movimento, tentando fazer ela uma interpretação do que era o movimento. Por isso os repórteres da Globo tiveram que esconder a logomarca da emissora várias vezes nas ruas. Outra coisa foi o que aconteceu com os outros repórteres, que não precisaram se esconder, nem esconder o logo das respectivas emissoras. Então, são coisas diferentes. Uma coisa é o sujeito ser hostilizado sem ser agredido, como foi o caso do Caco Barcellos, outra coisa é tiro da polícia e vandalismo. Estão juntando coisas que têm que ser desmembradas.

Agora, quem hostilizou Caco Barcellos, provavelmente, nunca leu Rota 66. Mas também talvez tenham hostilizado o Caco não em fator do repórter em si, mas em fator de quem paga o salário dele. O problema dos manifestantes é onde o Caco trabalha e, por isso, ele tem que pagar o ônus de ser hostilizado pelo fato de ele trabalhar nessa empresa. O Caco Barcellos é uma grande figura pública, mas foi hostilizado porque as pessoas não toleram a presença da Globo numa manifestação pública como essa. E essa antipatia foi sendo construída ao longo dos anos, tanto durante a ditadura militar quanto durante a agonia da mesma, quando parte significativa da população foi às ruas e exigiu eleições diretas para presidente da república.

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