segunda-feira, 22 de julho de 2013

As Manifestações de Junho de 2013 e a Homofobia de Marco Feliciano




Uma das bandeiras levantadas pelos manifestantes nos protestos feitos nas ruas foi a luta contra a homofobia e, em consequência, contra figuras nefastas que emporcalham o Congresso Nacional, como Marco Feliciano. Apesar de tosco, Feliciano é muito sagaz. Ele já percebeu que este momento, para ele, é uma oportunidade única. Os partidos comprometidos com os direitos humanos até então abandonaram a comissão de direitos humanos porque entenderam que ela é pouco rentável. Feliciano viu nisso uma oportunidade e se aferrou a ela como um náufrago se aferra a um toco de pau. E ele vai tirar desse pau seco o suco que ele conseguir tirar. Ele vai botar toda a pauta conservadora dele nessa comissão, dificilmente essas coisas vão prosperar e ele terá conseguido tudo o que ele queria.

Mas a pergunta que não quer calar é: por que ele está aprontando toda essa confusão? A minha resposta é que ele está aprontando toda essa confusão para ter concentrada na figura dele uma porção considerável do voto conservador, porque existe uma porção significativa do eleitorado conservador e religioso que se distribui por candidatos menores que nem têm chance de vencer. E essas pessoas, que antes estavam desorientadas, agora têm para onde olhar. Elas olham em direção ao Feliciano. Ele vai ter uma votação estrondosa nas próximas eleições por esse segmento e vai reconduzir a sua vidinha sem efetivamente poder provocar nenhum dano severo. Ele vai ser neutralizado pelo processo democrático brasileiro, não há a menor dúvida disso. Mas vai enxugar o voto de muita gente, com certeza.

É claro que ele vai se reeleger, pois grande parte dos eleitores dele compartilha de ideais homofóbicos e de ódio nutridos pelo deputado. A posição de Marco Feliciano dentro do cenário conservador é bem específica: ele é um evangélico fundamentalista que trava uma batalha contra os homossexuais (com a ajuda de outros excrementos como João Campos, do PSDB de Goiás) e que, portanto, tende a capitalizar muito esse tipo de voto. Há outras posições que podem ser elencadas como conservadoras do ponto de vista político que não têm nada a ver com essa postura ridícula de Feliciano. Por enquanto, os manifestantes venceram a primeira batalha, pois o projeto apelidado de "cura gay" foi retirado da pauta da comissão, embora seu criador, João Campos, não tenha admitido que tenha retirado por pressão popular.

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