segunda-feira, 25 de março de 2013

O DELÍRIO DE McGRATH

Esta entrevista com o autor Alister McGrath foi publicada na Revista Enfoque Gospel na edição de novembro de 2007

O FUNDAMENTALISMO DE DAWKINS
Na mira da fé


Dr. Alister McGrath, Professor da Universidade de Oxford e autor do livro O Delírio de Dawkins, recém lançado no Brasil, responde as acusações do cientista declarando que o movimento pró-ateísmo trás apenas um despertar à igreja, o de que é preciso fortalecer a convicção dos cristãos na palavra, a fim de imunizá-los ao vírus ateísta da razão.

O autor da matéria começa chamando a razão de "vírus". Isso já dá uma ideia do nível de argumentação que virá a seguir.


ENFOQUE - O que há de novo nas questões levantadas em Deus, um delírio e quais sãos os efeitos práticos deste manifesto ateísta?

MCGRATH - Curiosamente, há pouca novidade nesse tipo de discussão, pois o livro é composto basicamente de idéias recicladas. A novidade fica por conta da raiva e de uma retórica voraz, ridicularizando a religião e a crença em Deus. Dawkins parte do pressuposto de que todos aqueles que acreditam em Deus são loucos ou simplesmente ingênuos. Sobre os efeitos, esse livro pode sim reforçar a descrença de alguns ateístas, mas não creio que consiga atrair muitos adeptos, devido principalmente à maneira ridícula que utiliza para caricaturizar a fé religiosa.

É engraçado ouvir um fanático religioso falando em "raiva" e "retórica voraz" quando é justamente os fanáticos quem usam de histeria contra a ciência, num combate irracional à Teoria da Evolução. E Dawkins não comete ressuposto algum. Por acaso historinhas irracionais como "ressurreição", "andar sobre as águas" e outras idiotices têm algum sentido para que sejam aceitas por pessoas que não sejam loucas ou ingênuas? Claro, os desonestos intelectuais sempre tentam os eternos malabarismos para evidenciar alguma nesga de racionalidade em narrações absurdas como as encontradas na bíblia. Mas nem falo dos desonestos, que usam de sua inteligência para distorcer conceitos científicos, mas das pessoas lucidamente classificadas por Dawkins como ingênuas o suficiente para considerar verdadeiras as lendas bíblicas. Portanto, não é pressuposto de Dawkins, e sim desonestidade intelectual de McGrath. Dawkins não "caricaturiza" coisa alguma, pois, como bem demosntra o documentário "Religulous" (disponível no Youtube), as religiões já fazem esse trabalho por si próprias. As doutrinas religiosas são a doença, a fé é o sintoma.


ENFOQUE - Em seu livro O Delírio de Dawkins você é enfático ao afirmar “sou um valorizador do pensamento livre”. O inusitado é que esta prática também é defendida por Dawkins, porém ele destaca que ela inevitavelmente conduz ao ateísmo. Como você definiria o “pensamento livre” e de que forma ele contribuiu para que você abandonasse o ateísmo?

MCGRATH - O meu conceito de “pensamento-livre” diz respeito a um processo de reflexão que não é imposto por ninguém e que é baseado em evidências. Esse processo de reflexão crítica, aos 18 anos me levou à conclusão de que o ateísmo não se baseia em argumentos sólidos e que o Cristianismo, por ser mais consistente logicamente, oferece a melhor explicação para tudo que acontece no mundo, além de esperança na transformação da vida, seja ela individual ou social.

Agora eu fiquei curioso em saber como é que McGrath conseguiu encontrar evidências dos relatos contidos na bíblia. Lendas ridículas e irracionais inventadas por um povo assassino, estuprador, ladrão e usurpador (o antigo povo hebreu) adotadas por um mendigo da Palestina que alegava ser (segundo a mitologia que ele seguia) o "messias"... Enfim, lendas ridículas como a da ressurreição de mortos como Lázaro, Jesus andando sobre as águas... É isso que McGrath chama de "argumentos sólidos". Ou ele está brincando de ser o maior troll do universo ou ele é MUITO desonesto intelectualmente. Dizer que as narrativas absurdas do Antigo e do Novo Testamento são "sólidas" e "logicamente consistentes" é uma piada de muito mau gosto. E quanto a esse argumento de "esperança na transformação da vida" só encontra eco em pessoas mais ingênuas. A natureza é indiferente, não transforma vida alguma. O auge da "trollagem" de McGrath é quando ele afirma que o cristianismo "oferece a melhor explicação para tudo o que acontece no mundo". Taí... Para que estudar, não é mesmo? Já está tudo lá na bíblia. Para que escolas e universidades se temos igrejas? Vejam só a "lógica" desse cara... E um cara desses ainda quer se meter a refutar Dawkins...


ENFOQUE - Um número cada vez mais crescente de universitários cristãos integram a membresia das igrejas brasileiras. Tal fato é motivo de comemoração para alguns, e de preocupação para outros que pensam “a intelectualização da membresia esvaziará os templos”. Na sua opinião, Como imunizar o jovem cristão contra o contagiante vírus ateísta produzido nas universidades?

MCGRATH - Uma das razões pelas quais o ateísmo tem sido tão influente nestes locais é o fato de os estudantes estarem chegando lá sem uma total convicção de sua fé, e por isso altamente vulneráveis ao ateísmo. As igrejas precisam ajudar os jovens a descobrirem as riquezas intelectuais e espirituais do evangelho. É preciso conectar a espiritualidade e a intelectualidade com as reais preocupações dos estudantes, a fim de habilitá-los a perceber o poder de mudança que o Cristianismo tem, trazendo assim sentido e estabilidade à existência humana. As igrejas devem ajudar as pessoas a apreciar as riquezas e os valores provindos da fé Cristã, pois isso aprofunda ainda mais seu comprometimento com o Evangelho, além de estabelecer forte oposição ao ateísmo. Quando eu era jovem, o Marxismo era a maior força política no mundo. Hoje as variações carismáticas do Cristianismo, especialmente o Pentecostalismo, conseguem atrair um grande número de jovens. Porque? Bem, em parte porque ele consegue proporcionar uma forma bem mais prática de Cristianismo e também porque foca na importância dos trabalhos sociais. Eu faço um apelo aos pastores e líderes que têm um maior acesso aos jovens: ajudem-os a lidar com os problemas que porventura possam vir a se deparar.

McGrath mostra preocupação com o "vírus da razão" presente nas universidades. São locais perigosos, aí se estuda ciências exatas. E as ciências exatas não fornecem sequer uma única evidência de que deuses, sacis pererês, mulas sem cabeça ou outro personagem da preferência do crente possuem existência objetiva. A suposta conexão entre espiritualidade e intelectualidade só acontece com uma "cola" especial chamada "desonestidade intelectual". E nisso pessoas como McGrath são experts. Já frequentei ambiente acadêmico por quatro anos e posso dizer que os únicos que fazem proselitismo são os crentes. Nunca vi sequer um ateu fazendo proselitismo. Eles cuidam da própria vida e não estão nem aí se a pessoa quer acreditar em zumbis que levantam da tumba depois de três dias e depois saem voando rumo ao espaço sideral. Mas os estúpidos que acreditam nessas lendas de povos primitivos e de pescadores analfabetos do Oriente Médio da Idade de Bronze não pensam assim, por alguma espécie de tara maníaca. Eles querem espalhar a sua irracionalidade baseada em mitos ancestrais. Ao contrário dos ateus, que cuidam da própria vida e não querem convencer ninguém de nada, os fanáticos agem com extrema intolerância, até mesmo em ambiente acadêmico.


ENFOQUE - Dawkins amplia a teoria do ateu Daniel Dennett, especulando a idéia de que a fé pode depender de um gene místico ou de um “núcleo-deus” localizado no cérebro, moldado pelas circunstâncias da evolução. Você acredita que o ser humano é biologicamente predisposto a acreditar no sobrenatural?

MCGRATH - É natural querer descobrir nossa real natureza e nosso destino, porém isso se tornou um problema para Dawkins, que utiliza esta teoria para argumentar que as pessoas foram obrigadas a acreditar em Deus. De fato, para muitos escritores cristãos, a natureza humana possui uma espécie de dispositivo rastreador que nos guia de volta a nossa morada junto a Deus e esta seria uma das inúmeras razões pelas quais as pessoas acreditam em Deus. Para mim, não se trata de nenhum acidente evolucionário! Isso é parte de nossa natureza. Como diz o Novo Testamento, “Deus pôs a eternidade em nossos corações”.

Cinicamente, McGrath finge que não entende o que Dawkins quis dizer com essa hipótese (veja bem, é hipótese, não é uma teoria, como o inquiridor erroneamente afirma). A natureza do homem é animal. Na natureza não encontramos nada semelhante à manifestação religiosa. Somente em seres humanos. E somente em contexto cultural. Dawkins realmente pode estar certo, a evolução pode realmente ter algo a ver com a persistência desse "cancro" que é a fé em detrimento da razão. Como o homem é o único animal racional do planeta, pode-se tirar várias conclusões válidas a partir dessa hipótese. Uma delas é a de que as crenças malucas como deus, fantasmas, anjos etc. se deve ao medo da morte e, talvez por isso, a evolução tenha a fé como aliada do instinto de sobrevivência.


ENFOQUE – Você largou as pesquisas em biologia molecular e passou a se dedicar a pesquisa em teologia científica. Mas, afinal, do que trata a teologia científica não seria um paradoxo?

MCGRATH - Eu sempre acreditei que a Teologia cristã é uma intrigante e sofisticada área do pensamento. Entretanto, acho benéfico que ela seja associada a outras áreas do conhecimento, como a Filosofia, por exemplo. Minha teologia científica é baseada na crença de que a Teologia cristã se beneficia quando trabalhada em conjunto com as ciências naturais. Descobri que isso acrescenta profundidade intelectual à minha fé. Isso também desafia uma das mais fundamentalistas e simplistas afirmações de Dawkins de que os verdadeiros cientistas são ateístas. Muitos dos mais competentes e renomados cientistas dos mundo crêem em Deus e consideram que a fé contribui de forma significativa para suas pesquisas. Um bom exemplo é Francis Collins, o diretor do Projeto Genoma Humano.

Aqui, McGrath se mostra como um dos tipos mais comuns de fundamentalistas: o dos fundamentalistas "malabaristas". Só mesmo usando de MUITA desonestidade intelectual para tentar fazer alguma ligação coerente entre uma coisa hedionda como a "teologia" e as ciências naturais. E McGrath ataca com falácia do escocês ao usar o termo "verdadeiros cientistas". O que Dawkins apresenta são estatísticas, nada mais do que isso. McGrath cita o exemplo de Collins como sendo um cientista que acredita na existência objetiva do personagem da bíblia, mas se esquece de dizer que Collins NÃO É fundamentalista como ele. Ou seja, é MUITO difícil encontrar algum cientista sério que considere como reais as lendas absurdas apresentadas na bílbia, lendas idiotas como a da cobrinha falante do paraíso, da ressurreição de Jesus, do dilúvio global, do "dia parado" de Josué e outros absurdos. Delírio de McGrath.


ENFOQUE - Como cientista de que maneira você interpreta a afirmação debochada de Dawkins “a teologia pensa ter respostas que a ciência não tem?”

MCGRATH - Isso simplesmente não faz nenhum sentido, pois apenas se detém no fato de que a ciência é capaz de esclarecer dúvidas relevantes e significativas. Apesar disso, a maioria dos cientistas são claros quando dizem que ela não é capaz de responder questões morais de certo ou errado, bem como esclarecer o propósito da vida. Esse aspecto foi enfatizado diversas vezes por Peter Medawar, imunologista de Oxford que recebeu o Prêmio Nobel de medicina por descobrir a tolerância imunológica adquirida. Em uma importante publicação intitulada “Os limites da ciência”, ele explorou a questão de como a ciência era limitada pela natureza da realidade e enfatizando que “a ciência é incomparavelmente o mais bem-sucedido empreendimento que o ser humano já se engajou” ele fez a distinção entre o que chama de “perguntas transcedentais”, que podem ser melhor respondidas pela religião e pela metafísica; e perguntas que dizem respeito à estrutura do universo material, as quais a ciência pode responder. Dawkins mostra-se incapaz de entender e, por conseqüência, apreciar esse aspecto.

É curioso ver como os fundamentalistas atacam a ciência quando esta parece contrariar a sua fé tosca... Moralidade não é assunto de ciências exatas, mas tampouco pode ser considerada a área do cristianismo. O insano apóstolo Paulo deixou escritos hediondos em que faz apologia da escravidão e da submissão feminina. Isso é compatível com a moralidade de uma sociedade civilizada por acaso? Isso, sem citar a "moral" sanguinária e criminosa do Antigo Testamento. McGrath tenta confundir o leitor e faz uma pequena confusão entre temas que escapam aos limites do método científico e temas que podem tranquilamente ser respondidos pela sabedoria secular humana, sem recorrer à irracionalidade das doutrinas religiosas. McGrath exagera na recorrência de falácias, entre elas ad hoc e non sequitur para dar uma cobertura "racional" aos seus delírios religiosos. Pode funcionar com os cordeirinhos com o cérebro cauterizado por anos e anos de lavagem cerebral em igrejas e nos lares, por pais que transmitem o fanatismo aos filhos como uma herança maldita; Mas não funciona com pessoas de livre pensamento, livre de amarras ideológicas e religiosas.


ENFOQUE - Dawkins diz que o Deus do Cristianismo é um Deus de Lacunas e que a medida em que a ciência evolui ele tende ao desaparecimento. Até que ponto Deus é apenas a resposta para aquilo que ultrapassa a escala de nossa compreensão?

MCGRATH - Essa idéia do Deus de Lacunas foi manifestada por alguns escritores cristãos no século XIX, mas já foi abandonada há muito tempo. O notável pastor Charles A. Coulson, o primeiro professor de Química Teórica da Universidade de Oxford, argumentava que nós deveríamos desenvolver uma teoria compreensível da realidade que evidenciasse a capacidade de explicação da fé cristã como um todo, ao invés colocá-la sempre na posição de preenchimento de lacunas. Da mesma forma, o filósofo Richard Swinburne da Universidade de Oxford argumenta que a capacidade da ciência de explicar a si própria também requer explicações. Neste caso, o argumento mais aceitável se enquadraria na noção de um criador, Deus. A fé cristã oferece uma ampla explicação “do todo” e não se limita pelas lacunas que a ciência não pode explicar.

McGrath mostra-se extremamente desinformado. Ou cínico. O "deus das lacunas" é também conhecido como "falácia ad ignoratiam" e é uma artimanha muito utilizada por defensores do desenho inteligente. O bioquímico Michael Behe, por exemplo, escreveu um livro inteiro (A Caixa Preta de Darwin) baseado nessa falácia. Ele não sabe como o flagelo bacteriano se formou (ou seja, não conhece o processo evolutivo pelo qual o microorganismo passou para ter o aspecto que hoje tem). Logo, a conclusão dele é a de que só pode ter sido o deus da bíblia que o fez assim. O filósofo citado por McGrath afirma falaciosamente que "a capacidade da ciência de explicar a si própria também requer explicações." Isso é ridículo, pois o método científico não é uma argumentação. É só um método. E é curioso ver um cientista endossando uma argumentação imbecil de um "filósofo" falacioso como esse. Já tive a oportunidade de participar de debates contra defensores de DI nos quais esse silogismo grotesco foi utilizado, sempre como forma de fugir de determinado assunto irrespondível por criacionistas. Trata-se de recurso primário de "pombo enxadrista", digno de criacionista desonesto (desculpem o pleonasmo). McGrath, como todo falacioso contumaz, já parte da petição de princípio de que o deusinho de estimação dele é o "único", o "criador". Prepotente que ignora todas as outras religiões e acha que só a dele é a "certa".


ENFOQUE - Dawkins diz que desde o século XIX teólogos acadêmicos defendem a idéia de que os evangelhos não são relatos confiáveis sobre o que aconteceu na história do mundo real. Para ele, todos os livros foram copiados e recopiados ao longo de muitas gerações de telefones sem fio por escribas sujeitos a falhas e que por sinal tinham suas próprias agendas religiosas. É possível que Dawkins tenha razão quando diz “cristãos sofisticados sabem que as coisas que estão na bíblia, não são necessariamente assim. Já cristãos não sofisticados acreditam literalmente no livro”?

MCGRATH - Dawkins é um cientista que claramente desconhece as questões mais importantes da história religiosa. Isso fica evidente, em diversas parte de Deus, um delírio especialmente quando manifesta sua profunda insatisfação as questões que dizem respeito à origem dos evangelhos. Não há nenhuma evidência de que os evangelhos foram realmente reescritos inúmeras vezes, assim como Dawkins sugere. Até mesmo os meus amigos ateístas afirmam que falta consistência à afirmação de Dawkins acerca do Novo Testamento, sendo tais críticas superficiais e implausíveis. Acho que não há necessidade de os cristãos perderem o sono em função destes argumentos infundados.

Ao contrário do que aqui afirma McGrath, a bíblia é extremamente contraditória, e os quatro evangelhos divergem imensamente entre si. Há várias passagens contraditórias que ainda não foram devidamente esclarecidas. E é lógico que Dawkins não deve ter direcionado esse questionamento às ovelhinhas com cérebro cauterizado, mas a pessoas de pensamento livre, capazes de questionar os dogmas de uma doutrina extremamente contraditória em seu âmago.


ENFOQUE - Os cientistas acreditam que existem entre 1 e 30 bilhões de planetas somente em nossa galáxia, e cerca de 100 bilhões de galáxias no universo. Dentro deste contexto inimaginável, você concorda com Dawkins quando se vê inclinado a pensar que existe vida inteligente em outro lugar?

MCGRATH- Ninguém sabe ao certo. Embora seja uma questão muito interessante, não podemos nos esquecer de que é somente especulativa. Eu considero a Teologia cristã em condições de analisar essa questão hipotética, se um dia for necessário. O Espiritismo tem a capacidade de lidar com isso também.


Pode existir vida em outros planetas. Assim como também pode não existir. Ninguém sabe ao certo. Pelo menos nesta questão McGrath teve um rasgo de racionalidade.


ENFOQUE - Dawkins se contrapõe a idéia de que a bíblia possa ser a fonte da moralidade do homem e vai além “Ela pode ser uma obra de ficção interessante e poética, mas não é do tipo de livro que deveria ser dado as crianças para formar seus princípios morais”. A bíblia contribui ou não para a formação do caráter do individuo?

MCGRATH - Dawkins demonstra não ter nenhum conhecimento de como os cristãos interpretam a Bíblia e parece acreditar que a simples razão é capaz de distinguir o que é certo ou errado sem a necessidade de nenhum envolvimento divino. É claro que a Bíblia pode ajudar para que nos tornemos pessoas melhores. Deixe-me citar apenas um exemplo. Para os cristãos, Jesus de Nazaré é a imagem de “um Deus invisível” (Colossians 1:15). Ele nos mostra como Deus é, e como Ele gostaria que nós agíssemos. A importância disso pode ser percebida em um trágico evento ocorrido na América do Norte em 2006. Um homem armado invadiu uma escola Amish na Pensilvânia e executou um grupo de meninas. 5 delas morreram. Os Amish formam um grupo religioso Protestante que repudia qualquer forma de violência em função de seu entendimento de autoridade moral do ser humano e dos ensinamentos de Jesus. Quando aquelas inocentes foram mortas, a comunidade Amish anunciou perdão ao assassino, afirmando que não haveria violência nem vingança; somente a oferta de perdão. A viúva do assassino pronunciou-se agradecida e emocionada e afirmou que isso proporcionava a cura que ela e seus três filhos tanto necessitavam. Creio que isso exemplifica a importância de Jesus e da Bíblia para todas as etnias.

McGrath parece ser aquele tipo de cristão seletivo. Ele seleciona apenas as partes "bonitinhas" e se esquece que Jesus não veio trazer a paz, mas a espada e a desavença (Mateus 10:34,37). Ah, e tem também outras partes não muito "pacíficas", como, por exemplo: "Aquele que não tem espada, que venda sua capa e compre uma.” (Lucas 22:36); “Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e executai-os na minha presença.” (Lucas 19:27. Isso foi dito em uma parábola, mas com aprovação.). Isso sem falar que o versículo de João 15:6 proferido pelo personagem Jesus foi usado como base para a Inquisição queimar seres humanos em fogueiras durante a Idade Média. Além disso, Jesus sentia raiva (Marcos 3:5), agrediu violetamente camelôs com um chicote num ataque de chilique (João 2:15), desrespeitou a vida de inocentes animais matando-os afogados (Mateus 8:32) e recusou-se a curar uma pobre e inocente criancinha doente e só o fez após ter sido pressionado pela mãe da criança (Mateus 15:22-28). Mas Jesus também argumentava com as pessoas ameaçando-as com o fogo do inferno, aquele famoso argumento do tipo "Eu te amo, mas se você não me amar, você vai queimar para sempre. Mas mesmo você queimando para sempre, não esqueça que eu te amo". Isso é pregar o amor? Jesus também não pregava valores familiares (Lucas 14:26; Mateus 10:35-36; Mateus 8:22). Jesus apoiava a escravidão e a tortura de escravos (Lucas 12:47). Jesus Cristo não é exemplo para NINGUÉM que seja minimamente civilizado. Além disso, outras religiões também pregam valores dignos, mas os cristãos fundamentalistas enxergam tudo de maneira enviesada e, para eles, apenas eles são os detentores da verdade. Ridículo.


ENFOQUE - Qual o seu conselho para o povo cristão Brasileiro que começa a ter acesso a obra de Dawkins?

MCGRATH Não há nada a temer em relação a esse livro. Na realidade, ele só ajuda mostrando a importância de entendermos o motivo de nossa fé e de sermos capazes de defendê-la e explicá-la em público. O livro é de alguma forma, um despertar a igreja, pois de fato ela precisa preparar melhor a comunidade cristã afim de que sejam capazes de refutar essas críticas, desafiando Dawkins e seus seguidores no que diz respeito a maneira simplista e errônea com que utilizam seus argumentos para tentar desmoralizar a fé. Eu espero, e oro para que a igreja brasileira supere este desafio e se engage no propósito de capacitar as pessoas, principalmente os jovens, a fim de que estejam equipados para defender a sua fé.

A estupidez é o seu pastor e ignorância não lhe faltará. Dawkins provavelmente não deve ter escrito o seu livro para estúpidos fundamentalistas, mas para pessoas que REALMENTE tenham a mente aberta. Portanto, as ovelhinhas realmente, como disse McGrath, não devem "temer" o livro do biólogo. McGrath diz que as ovelhinhas precisam "entender" a própria fé para poder defendê-la e explicá-la em público. Ou seja, para passar vergonha em público. É claro que há cristãos "sofisticados" como John Lennox, que, apesar de uma ou outra tosquice, parecem ser bastante coerentes, mas, por outro lado, há pessoas patéticas como Lane Craig, um "filósofo" extremamente falacioso que não mede esforços em tentar "provar" que as lendas da bíblia realmente aconteceram.


Nenhum comentário:

Postar um comentário